sábado, 24 de abril de 2010

A arte de semear




Espero que suas escolhas 
Sejam edificadas em terreno fértil, 
Pois a cada dia 
Nossas verdades estão em mutação. 
As de hoje não serão 
As mesmas de amanhã. 
Com certeza não serão. 
O que nos faz sorrir hoje, 
Amanhã pode nos fazer chorar.
Persiga a felicidade, 
Mesmo que venha em ondas, 
Em momentos alternados, 
Mas saiba cultivar sorrisos 
E nesta caminhada, 
Seja mestre na arte de semear. 
Pois são os sorrisos colhidos 
O combustível no fim da jornada. 
E a estrada é longa. 
Quando precisar olhar pra trás, 
O campo tem que estar florido!

Enquanto meu corpo pede outra alma,

A loucura finge que tudo é normal.

Descubro que uma vida só não basta

E que esta já esta indo embora!

Cada escolha, uma renúncia.

Não se pode ter tudo na vida.

Por mais triste que seja,

O tempo não para,

As lágrimas não fazem

O caminho de volta!

Feneço na minha espera.

Enquanto dou razão à esperança,

Apodreço em vida

Na certeza do impossível!


Pecados Alheios


Os braços abertos,

Os pecados já estão pagos,

E as mãos já foram lavadas.

Não sobra tempo para realizar sonhos,

E materiais para outras coroas.

Eu me sinto Indo embora

Sozinho...

Quando todos negaram minha existência.

Agora, lá embaixo é festa, é alegria.

Seus pecados estão pagos,

Não tem mais a quem temer,

Suas mãos foram lavadas.

Minhas longas caminhadas terminaram.

Não vou mais receber beijos

De bocas secas, relutantes.

Eu, de braços abertos,

Já não corro mais riscos

De pagar pecados alheios.

domingo, 4 de abril de 2010

Despeço...


Despeço de mim...

Despeço de mim mesmo...

Não estou indo pra lugar nenhum,

Ou melhor, estou indo prum outro

Lugar dentro de mim mesmo.

Necessidade de novas emoções,

Novas descobertas.

Me despeço de velhas ilusões,

Caminhos tortuosos.

Quero outras cores,

Novas sensações.

Cansei de tons pastel.

Quero esquecer as loucuras,

E perseguir a lucidez,

Deixa as fantasias,

Tentar ser real.

Despeço....

Despeço de meu antigo eu...

quinta-feira, 1 de abril de 2010





Parte de Você


Quero beijar tua alma
Tomando parte de sua nudez.
E deixar que o mau tempo
Nos obrigue a procurar abrigo.
Fechar os olhos,
Esquecer as flores.
Criando tempo.
Deixando o choro
Te despertar.
E sentir o vento encostar no teu peito
Beijando tua alma.

Quero beijar tua boca
Tomando parte de seu corpo.
E deixar que o tempo nos recolha
E nos confine.
Fechar a porta,
Esquecer o medo,
Criando jeito.
Deixando o cheiro te invadir.
E sentir o gosto arranhar seu rosto
Beijando sua boca.

Quero apagar a vela
Tomando parte de sua festa.
E não deixar que o tempo acabe
Fechar a noite,
Recolher as flores,
Prender o medo,
Criando tempo.
Criando jeito
De sentir tua alma
Beijando tua boca
Auto Retrato

Delineei um traço a mais
Ao meu retrato,
E ele falou mais alto
Quando uma expressão ambígua
Expressou todos
Os sentimentos contidos.
Pus também
Uma boca escarlate
Subjugando um olhar
Perdido nas sombras.
E por fim lhe dei um gosto molhado
Salgando as faces.
E me deixei
Ser um a mais lá fora.

Não Querer Mais


Quando a euforia passa

Certifico que não

Há mais esperanças

De me enganar,

E fico vazio de mim.

Resigno-me a chorar

Em silêncio

Para não perturbar

Teu sono.

Controlo minhas noites

Para não acordar de madrugada

Querendo me lavar de você.

Sentindo o sono me abandonar

Cairei em meus próprios braços,

E entre um momento e outro de lucidez

Beijarei minha única boca, e...

...Te seguirei pelo espelho

Inventando mil maneiras

Para te cercar.

Certifico que não

Há mais esperanças

De sofrer por você.

E de madrugada

Fitando o teto,

Crio vários caminhos

Que tentarei controlar

Para não me trair em pensamentos

Quando a euforia voltar.


Norlen Apelfeler

“Eu te amo”


Sei que quando alguém diz que nos ama

Parece falso, é difícil acreditar.

Sei também que você já ouviu diversas vezes

“Eu te amo”

Sei muitas coisas, ou acho que sei,

É o lado positivo de se ter vivido tanto.

Mas o que sei hoje, é que você

É sagrado pra mim!

E tudo que é sagrado pra mim,

Me faz chorar.

Não por tristeza!

Mas sei que dias tristes virão,

Fazem parte da caminhada.

Sei também que meu caminho

Parece não querer cruzar

Com outros caminhos.

Fica a expectativa de outras esquinas,

De outros acasos.

De esperar você?

Sei que não devo!


Norlen Apelfeler


Os Lobos


Esta noite

Todos os lobos foram soltos...

Todos!

E se perderam no pântano

Atraídos por palavras mágicas

E o nosso réquiem

Já foi cantado

Por vozes enegrecidas

Já foi gritado

Por anjos mutilados

E eu sei

Que eles não voltarão

Não baterão

Á minha porta.

Mas,

Se acaso voltarem

Não deixarei

Que me possuam novamente...

Não deixarei!


Busco ao baú


Me perco

Nesta transparência

Tentando me encontrar,

Busco ao baú,

Descubro que o beijo não vem.

Uma obsessão

No limiar dos seus sonhos,

E volto ao fim.

Me busco

Entre cada rosto sem expressão

Mecânico, comandados

Pelos seus íntimos amargos.

Pulo o muro,

Descubro o céu,

Corro ao meu encontro,

Passo por mim...

Outra vez o silencio.

Fim, medo, náusea.

Sem me tocar,

Sem me conhecer.

Dou o outro lado,

Traço um outro plano,

Uma nova fuga,

Comando um complô,

Uma ameaça...

Sento no chão, na rua,

Nesta escuridão...

Um hálito,

Um beijo,

Uma noite...

Não encontro uma ponte,

E em um beco escuro sem fim

Me perco.








Despercebido


Estranho eu existir, mas não me sentir.
Parece que falta alguma coisa.

As ruas ficam desertas mais cedo, e...

Nada importa, nada chama minha atenção.

Só um sentimento me leva

A querer viver, procurar, tatear,

Sem cair, pra não ousar levantar.

Ando pela cidade agora às escuras,

Procurando encontrar um pouco de emoção, mas...

Percebo-me envolto em ilusões,

Lembrando momentos de felicidades

Perdidas, esquecidas... Que só a mim não passam

Despercebidas...

E os poucos que passam me olham se perguntando

O que eu estaria pensando.

Vejo-me outra vez seguindo sem rumo,

Vendo seus olhos me seguirem vigiando,

Tentando me dizer onde posso me encontrar

Nestas ruas de vazio intenso.

E as pessoas continuam a passarem

Sem se importarem...

Seus olhos pregados na escuridão

Insistem em criar emoções

Que só a mim não passam

Despercebidas...