Embarcados na Ilusão
Fomos entregues como reféns,
Escolhidos para representar nossos ideais.
Fomos entregues seguindo passos
Apagados com o cair do pó.
Ficamos intactos por horas eternas,
E só depois da partilha dos bens
Que fechamos as portas,
Acendemos as luzes,
Deixamos cair o pano...
Sentamos.
Uma música ao longe
Desperta antigas lembranças.
Erguemos os olhos tentando
Pegar carona no passar das horas.
Embargados na ilusão
Colorimos nossos sonhos
Com cores jamais sonhadas.
Nossos corpos banhados
Na fonte da saudade
Adormecem embevecidos
Com os acordes de uma antiga canção,
Que aos poucos faz revivermos sensações
Que somente bem cedo,
No útero foram experimentadas.
Fomos entregues ao nosso primeiro choro,
Fomos entregues nos braços de quem nos gerou,
E em nós é programando o amor, e...
Amamos sem medo de ser rejeitados,
Sem pensar na rejeição.
E a cantiga ao longe
Faz fecharmos os olhos,
Encolher o corpo,
Faz nos entregarmos como reféns.
E abrimos nossas paginas em branco
Pra que seja novamente escrita
As primeiras linhas incertas.
E a partilhas dos bens
Faz esquecermos as novas ordens,
Faz oscilarem as luzes,
Faz sentarmos novamente no chão
Despertando antigas canções de ninar,
Que faz embarcarmos de carona na ilusão.