terça-feira, 25 de maio de 2010


Embarcados na Ilusão


Fomos entregues como reféns,

Escolhidos para representar nossos ideais.

Fomos entregues seguindo passos

Apagados com o cair do pó.

Ficamos intactos por horas eternas,

E só depois da partilha dos bens

Que fechamos as portas,

Acendemos as luzes,

Deixamos cair o pano...

Sentamos.

Uma música ao longe

Desperta antigas lembranças.

Erguemos os olhos tentando

Pegar carona no passar das horas.

Embargados na ilusão

Colorimos nossos sonhos

Com cores jamais sonhadas.

Nossos corpos banhados

Na fonte da saudade

Adormecem embevecidos

Com os acordes de uma antiga canção,

Que aos poucos faz revivermos sensações

Que somente bem cedo,

No útero foram experimentadas.

Fomos entregues ao nosso primeiro choro,

Fomos entregues nos braços de quem nos gerou,

E em nós é programando o amor, e...

Amamos sem medo de ser rejeitados,

Sem pensar na rejeição.

E a cantiga ao longe

Faz fecharmos os olhos,

Encolher o corpo,

Faz nos entregarmos como reféns.

E abrimos nossas paginas em branco

Pra que seja novamente escrita

As primeiras linhas incertas.

E a partilhas dos bens

Faz esquecermos as novas ordens,

Faz oscilarem as luzes,

Faz sentarmos novamente no chão

Despertando antigas canções de ninar,

Que faz embarcarmos de carona na ilusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário