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domingo, 13 de junho de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010

Embarcados na Ilusão
Fomos entregues como reféns,
Escolhidos para representar nossos ideais.
Fomos entregues seguindo passos
Apagados com o cair do pó.
Ficamos intactos por horas eternas,
E só depois da partilha dos bens
Que fechamos as portas,
Acendemos as luzes,
Deixamos cair o pano...
Sentamos.
Uma música ao longe
Desperta antigas lembranças.
Erguemos os olhos tentando
Pegar carona no passar das horas.
Embargados na ilusão
Colorimos nossos sonhos
Com cores jamais sonhadas.
Nossos corpos banhados
Na fonte da saudade
Adormecem embevecidos
Com os acordes de uma antiga canção,
Que aos poucos faz revivermos sensações
Que somente bem cedo,
No útero foram experimentadas.
Fomos entregues ao nosso primeiro choro,
Fomos entregues nos braços de quem nos gerou,
E em nós é programando o amor, e...
Amamos sem medo de ser rejeitados,
Sem pensar na rejeição.
E a cantiga ao longe
Faz fecharmos os olhos,
Encolher o corpo,
Faz nos entregarmos como reféns.
E abrimos nossas paginas em branco
Pra que seja novamente escrita
As primeiras linhas incertas.
E a partilhas dos bens
Faz esquecermos as novas ordens,
Faz oscilarem as luzes,
Faz sentarmos novamente no chão
Despertando antigas canções de ninar,
Que faz embarcarmos de carona na ilusão.
segunda-feira, 24 de maio de 2010

O semblante da felicidade
Os momentos precisos parecem poucos
Para que consigamos sentir
A pureza de um outro dia.
Sentir a diferença
Em receber um carinho
Sem precisar cobrar.
E mesmo que os anos
Passem rápido,
O frescor de uma carícia
Nos acompanhará eternamente.
Mesmo que nunca mais
Nos encontremos,
Ficaremos entre o antes e o depois.
E se os amigos de ontem
Não se lembrarem mais,
Como se os momentos passados juntos
Não importassem,
Seremos sempre a felicidade alheia.
E amar será apenas uma palavra
Sem significado algum,
Apesar de doarmos
O que existe de melhor
Dentro de nós.
E mesmo que o nosso amor
Não nos satisfaça mais,
Nunca mais vamos nos procurar,
E ficará eternamente plantado.
Em nossos corações
A semente da saudade.
E os momentos nunca serão precisos,
Nunca serão completos.
Faltará o semblante da felicidade.

Um dor me cerca,
Rondando a fonte
De minhas emoções.
Uma cor, uma vez.
Sem ventos,
Numa noite em que o sono
Não mostra seu rosto.
E as rosas secam
Na manhã que desponta
Cintilando,
Indisciplinando a carne.
E eu serei para você uma flor,
Sem esquecer meu destino
De ser uma ilha
Num lugar transparente,
Sem pensar no tempo
Em que outro complô
Será armado
Com estranhos herdando
A rebeldia de seus instintos.
E você pensará em dizer:
“Meu amor”...
Sem ventos...
Numa noite que o sono não chega e...
As rosas secam sendo amadas
Por estranhos,
Neste tempo em que
Já sou uma ilha,
Sem ser chamado
De meu amor.
domingo, 23 de maio de 2010

Medo
Tenho medo...
Medo de olhar pros lados,
Medo de provar meu hálito,
Meu corpo, meu pecado.
Não consigo abrir meus olhos,
Enfrentar meu desejo,
Me entregar, me usar,
Pecar...
Não sei o que tenho,
Ou o que não tenho, mas...
Tenho medo de dormir,
Sonhar, fraquejar, padecer.
Acordar com você me olhando
Perguntado por que,
Por que viver?
Tenho medo do medo que mora
Nesta demora,
Nesta alegria ilusória,
Nesta confusão que
Não sei por quê
Continua a me fazer viver...
Por que não expirar?
E voltar a afagar este amar.
Senti-lo bater procurando sentir.
Encontrar um amor, uma parte,
Uma despedida,
Ou mesmo uma ponta de saudade,
Ou um ciúme adormecido.
Fazê-lo se fazer, se vestir
E voltar a afagar
Este medo de viver.
E continuar a se perguntar...
Por quer?

Nossa existência
Tem certas coisas que não ficam bem quando escritas.
Elas precisam ser ditas e até mesmo gritadas.
Precisam ser sempre repetidas.
Não que já não sabemos a verdade,
Mas, para que fiquem ecoando em nosso dia a dia.
Marcando toda nossa existência.
Tem certas coisas quer nem mesmo as palavras
Mais bem proclamadas saberiam
Expressar toda a realidade.
Tem certas coisas que não se pede, que não se da,
Mas sim se conquista a cada dia que passa,
A cada sorriso, a cada lágrima chorada juntos.
Tem certas coisas que nos da a certeza
Que podemos continuar,
Que podemos ir em frente sem medo,
Sem receio algum.
E toda esta coisa se resume
Simplesmente no amor...
No amor que sentimos,
No amor que nos faz planejar
Sem medo de perder,
Sem medo de precisar voltar.
Tem certas coisas.
Tem certas certezas,
Tem eu,
Tem você.
Certas coisas... que não estão escritas,
Que ainda não foram gritadas,
Mas já foram sentidas,
Já foram experimentadas
E estão sendo amadas...
Nossa existência.